A Boemia é um demônio de cordas,
Uma garrafa vazia de cachaça na mão,
Amores perdidos, esquecidos, sofridos;
É água da chuva caindo no chão.
A boemia é uma casa vazia e sem teto,
Espelho tão velho que não reflete nada.
São pés descalços na areia da orla,
Pegadas e guimbas por sobre a calçada.
São versos sentidos de tão solitários,
Rostos inchados molhados de lágrimas
É o pobre sem terra sem nada na vida,
É a puta fodida num motel de estrada.
É estar sozinho na mesa de um bar,
Como um pierrô fantasma a beber
No preto e branco dos filmes antigos,
Ser músicas perdidas do lado B.
É tocar violão embriagado,
Como se fosse o último dia
Esquecer das ressacas passadas
Em mais uma noite vadia.
A Boemia é o bêbado desmaiado.
Morto por dentro, corroído por fora
Um incompreendido, um pobre coitado,
Que não deixa saudade quando vai embora.
Boemia é isso, perder as palavras,
Na sobriedade não ver a própria sombra
Sentir o corpo e espírito enfraquecidos,
Na realidade que o assombra.
Mas a maior dor do Boêmio,
É cantar, falar, escrever,
Palavras de uma vida inteira,
Sem ninguém pra escutar, ler ou entender.
Obrigada por suas letras, querido Alex, é um honra ter você aqui.
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